Notas iniciais do capítulo
Como meu foco e no casal, não me alonguei na discussão.
Capitulo Oito
– Tenho todos os argumentos possíveis, eu não sou você! Todos da família me odeiam! – Eu exaltei minha voz – Ano passado foi a mesma coisa! Não vou e ponto final!
– Você sequer chegou a ir dentro de casa! Por que você é tão cabeça dura!
– Você que não entende, acha que eu não escuto os insultos que eles falam?! Você pode não saber, mas eu sei de tudo! – gritei – Estou cansado dessa família! Cansado!
– Então faça isso pela mamãe... Por... – ele falava em tom normal agora.
– Por favor, não me peça... – fechei os olhos, serrando os punhos.
Droga! Odiava brigar com Kasuka e todo ano era a mesma coisa. Porque ele não podia simplesmente ir embora? Odeio quando ele faz isso comigo, parece que não sabe o quanto odeio estar naquela casa, com aquele homem imundo, e todas aquelas pessoas falsas...
– Shizuo... Por favor, sabe que essa é única ocasião para nos vermos, e todos sentem sua falta. Eu sinto sua falta... Por mim, Shizuo, volte para casa por mim...
– Não! Não vou, já disse! Não vai me convencer desta vez! – exaltei minha voz novamente. – Não há ninguém que goste de mim lá.
– Mas...
– Estou cansado Kasuka! Cansado de ser tratado como mostro!
– Eu nunca te tratei assim! – gritou ele – Você acha que eu estou feliz? Não estou nenhum pouco!
– Não estou falando de você, Kasuka, estou falando de todos os outros! – gritei – Daquele homem imundo! Da Chichiko! De todos! E todos estarão lá! Não vou! – fui para a porta de casa, passando por ele.
– Eu estarei lá, Shizuo...
– Mas só você não é suficiente... – eu abaixei meu rosto, quase chorando, e batendo a porta desci rápido as escadas.
Ouvi-o me gritando, e comecei a correr bem mais rápido, eu nem sabia para onde ia, só queria ir para longe. Cheguei à praça, onde ainda havia varias pessoas, a noite ia caindo e estava bem cheio. Entrei em uma rua escura que tinha por ali, mas que eu conhecia e voltei a andar, parando assim que encontrei um vazio e pelo visto, abandonado.
Reparei que começou a chover, de primeiro bem fraquinho, para depois a chuva engrossar. Escondi-me embaixo do que era a porta de um estabelecimento vazio e abandonado. Fiquei ali até a chuva parar, que não demorou muito.
Assim que parou, sentei-me no chão onde havia uma parte seca perto de onde me escondia e apoiei meu rosto com os braços, e os mesmos apoiados na perna.
Escutei alguns passos, mas eles pararam logo depois. Continuei da mesma forma, sem levantar os olhos, e me isolei de tudo. Senti alguém se esfregando na minha perna, mas não levantei os olhos. Vi a sensação parar, e suspirei, abrindo meus olhos e olhando o chão molhado.
Senti uma mão no meu braço e assim que levantei a cabeça e me deparei com o rosto da ultima pessoa que eu esperava encontrar. Segurava meu gato no colo enquanto estava agachado no meu rumo, segurando um guarda-chuva.
– Izaya... s... – eu ri, voltando a deitar minha cabeça nos braços, e meus olhos já começavam a arder de novo.
Izaya não disse nada, apertou um pouco a mão em meu braço, mas manteve-se em silencio. Ele fazia um carinho de leve com o dedo indicador, passando ao mesmo tempo em meu braço e rosto. Ouvi-o pisar na poça de água enquanto se aproximava de mim, soltando o guarda-chuva no chão e Izaya-neko saia de cima dele.
Ele levantou meu rosto, vendo meus olhos - que eu supus que estivessem vermelhos – e se aproximou lentamente. Deu-me um beijo, sem línguas, apenas me beijou sem sequer fechar os olhos, mantendo-o nos meus. Afastou-se devagar, me abraçando pela cabeça e dizendo bem baixinho.
– Não chore... - Eu não queria, mas naquela hora, senti uma imensa vontade de chorar.
Abracei-o, afundando meu rosto em seu pescoço, lutando para não chorar. Minhas pernas estavam pesadas, minhas mãos fracas, e eu apenas de hora em hora suspirava, mas não em agüentei muito tempo. Comecei a chorar, sem fazer som nenhum, apenas me abraçando mais a ele.
Depois de um tempo parei, me afastando dele, mas mantendo meu rosto baixo. Não queria que ele me visse daquela forma, tão abalado e tão fraco. Mas ele voltou a fazer a mesma coisa que fez antes, levantou meu rosto e selou novamente nossos lábios, dessa vez, já pedindo passagem com a língua.
Cedi de imediato, também avançando em sua direção, mas não era um beijo selvagem; apesar de ele fazer de tudo para controlar eu não o deixaria. Levei minha mão ao seu pescoço, começando agora a tornar o beijo mais cálido. Porém, nos separamos. Ele tinha um pequeno sorrisinho na cara, e quando olhei para o lado vi Izaya-neko que miou na hora.
Peguei-o no meu colo, acariciando seu pescoço, enquanto ele ronronava. Tão fofinho...
– Shizu-chan vamos pra casa...
– Não quero voltar pra lá... – eu disse sem lhe olhar.
– Não se preocupe; nós vamos para a minha casa...
Ele sorriu largo, pegando Izaya-neko no colo e estendendo uma das mãos para mim. Peguei-a como apoio e me levantei. Izaya me arrastou para fora daquele lugar, e assim que chegamos à esquina, um carro estava parado lá. Izaya me indicou para entrar e seguimos para a casa dele.
Durante o percurso que fizemos, ele não soltou minha mão uma única vez sequer, apesar de olhar para o lado de fora, na janela. Apertei minha mão na dele, com a outra fazendo carinho em Izaya-neko.
– Como me achou?
– Estava indo para a sua casa e te vi correndo, então eu te segui e acabei encontrando esse gatinho... – disse ele, se virando finalmente para mim. – Ele veio comigo desde onde o carro estava... – ele colocou a mão no gato, acariciando suas orelhas. – Até você... – ele disse olhando em meus olhos.
Ele apertou minha mão, colocando a outra no meu rosto e acariciando ali. Ficamos nos olhando um bom tempo, eu queria muito beijá-lo. Aproximei meu rosto do seu, com nossos lábios quase se encostando, mas o carro parou e nos afastamos. Ele teve que soltar minha mão para sair do carro, e então, nós dois já estávamos fora do carro. O homem disse que iria estacionar e logo depois Izaya o dispensou.
Estávamos de frente para um prédio de apartamentos. Ele foi à direção à entrada e eu o segui. Passamos pela recepção e pegamos o elevador, que por sorte estava vazio. Izaya-neko estava nos braços de Izaya, e não me contive em lhe abraçar a cintura e tomar-lhe a boca assim que as portas do elevador se fecharam.
Era tão bom beija-lo que eu poderia ficar a minha vida inteira apenas assim, mas infelizmente a porta se abriu, e chegamos ao nosso andar. Izaya-neko logo saiu dos braços dele, andando logo a frente de nós.
Saímos e depois de alguns segundos, chegamos a casa dele. Ou melhor, ao seu apartamento. Ele destrancou a porta, abrindo-a, e o primeiro a entrar foi o gato, logo depois eu e por ultimo, Izaya. Ele fechou a porta, retirando o casaco e deixando-o no sofá enquanto ia para a cozinha. Segui-o, junto de meu gatinho, e acabamos sentando na perto da bancada.
– Então, qual o nome dele? – disse ele mexendo na geladeira.
– Do gato? – perguntei.
– Ele não é seu? Então, como se chama? – eu jamais iria falar para ele.
– Não sei...
– Então ele vai se chamar Izaya... Assim, você vai poder estar comigo mesmo não estando comigo... – ele se aproximou de mim, colocando o prato de carne perto do gato, que prontamente começou a comer os pedacinhos – Assim nunca se sentirá sozinho... – sussurrou, quase me beijando.
Mas ele se afastou, rindo de leve e depois suspirando, e pegando um copo para mim e para si, logo depois colocando chá...
– Então, não quer me contar o que aconteceu... – começou ele, sentando-se e me entregando o copo de chá. – Se não quiser, não precisa. É que eu não... – ele parou de falar.
Eu não queria falar daquilo, eu não queria me lembrar do passado agora. Por que, quando eu estava com ele, o presente era suficiente.
Levantei-me, indo até ele e o beijando novamente. Peguei-o pela cintura levantando seu corpo e colocando-o junto do meu, sem parar de beijá-lo. Empurrei-o para a mesa, colocando-o meio sentado lá e voltei meus beijos para o seu pescoço. Ele agarrou meus cabelos, suspirando.
– Shizuo...
– Diga... – parei o que fazia e olhei em seus olhos.
– Me magoou hoje cedo... – fez um bico – Me tratou muito mal...
– Desculpe, estava nervoso... – levei minha mão até sua nuca – Meu irmão mexe muito comigo... – confessei.
– Como assim?
– Esquece, é problema de família... Mais importante agora é: onde é os eu quarto? – eu disse em seu ouvido, mordendo de leve a orelha dele. – Não quero que acorde suas irmãs...
– Elas têm sono pesado... – ele disse, brincando com minha camisa. – Venha... - ele me pegou pela mão e me levou até uma das três portas do corredor.
– Apartamento grande... – comentei enquanto ele abria a porta.
– Eu sou uma pessoa que precisa de espaço, Shizu-chan... – comentou rindo e fechando a porta.
Notas finais do capítulo
E então, o que acharam? Bom, até o próximo, e desculpem a demora...